Ciência contra o tempo: descobertas sobre en…

O tempo é um fator implacável quando o assunto é fertilidade feminina. Diferente do que muitos imaginam, o relógio biológico começa a contar cedo: a qualidade e a quantidade de óvulos disponíveis começam a diminuir de forma mais acentuada por volta dos 30 anos — e esse declínio se intensifica a partir dos 35.

É o chamado envelhecimento ovariano, um processo natural, mas que impacta diretamente as chances de engravidar, seja de forma espontânea ou com o auxílio da reprodução assistida.

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A ciência tenta frear o envelhecimento ovariano

O envelhecimento ovariano não se refere apenas à quantidade de óvulos — que já nasce definida e se reduz ao longo da vida —, mas também à sua qualidade genética e metabólica.

Com o passar do tempo, aumentam os riscos de alterações cromossômicas, como a trissomia do cromossomo 21 (síndrome de Down), e diminuem as chances de fertilização e implantação do embrião.

A boa notícia é que a ciência tem avançado de forma promissora nessa área. Pesquisas recentes vêm investigando substâncias como a coenzima Q10 e a melatonina como possíveis aliadas para melhorar a qualidade dos óvulos.

Estudos em fase experimental também avaliam técnicas como o rejuvenescimento ovariano com plasma rico em plaquetas (PRP) e até terapias genéticas com potencial de retardar a falência ovariana. Embora ainda não sejam práticas consolidadas, elas apontam caminhos para a medicina reprodutiva do futuro.

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Embriões: tecnologia revela o que antes era invisível

Outro campo que tem revolucionado a reprodução assistida é a visualização em tempo real do desenvolvimento embrionário. Com o uso de tecnologias como time-lapse e análise molecular ao vivo, os laboratórios hoje conseguem observar cada divisão celular do embrião com altíssima precisão — sem retirá-lo da incubadora.E

ssas imagens em sequência são analisadas por softwares de inteligência artificial que avaliam parâmetros morfológicos e de tempo de divisão celular. Isso permite prever com mais segurança quais embriões têm maior potencial de implantação no útero e menor risco de aneuploidias (alterações genéticas).

O resultado? Uma seleção mais assertiva dos embriões a serem transferidos e, consequentemente, maiores taxas de sucesso nas fertilizações in vitro.

Além disso, pesquisadores em centros como o MIT e a Universidade de Cambridge estão desenvolvendo marcadores moleculares capazes de identificar, com ainda mais precisão, embriões viáveis — inclusive com exames que dispensam a necessidade de biópsias invasivas.

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Reprodução assistida: um futuro personalizado e mais eficaz

A combinação entre inteligência artificial, biologia molecular e medicina reprodutiva está transformando o tratamento da infertilidade. Ao integrar dados genéticos, informações hormonais e padrões celulares, a reprodução assistida caminha para se tornar cada vez mais personalizada.

Em vez de protocolos “iguais para todos”, será possível oferecer estratégias sob medida para cada paciente, aumentando as chances de sucesso e reduzindo custos, tempo e desgaste emocional.

Essas inovações também ajudam a redefinir o conceito de planejamento familiar. Mulheres que desejam adiar a maternidade ganham mais opções seguras de preservação da fertilidade. Casais com dificuldades para engravidar encontram diagnósticos mais precisos e tratamentos mais eficazes.

E a medicina se posiciona não apenas como técnica, mas como ponte entre o desejo e a possibilidade real de ter um filho.

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A ciência corre contra o tempo — mas, agora, com ferramentas que ampliam o controle, a previsibilidade e a esperança. E o que antes era invisível aos olhos, hoje é revelado com clareza, abrindo caminhos para uma nova era da reprodução humana.

*Paulo Gallo de Sá é ginecologista e membro da Brazil Health

(Este texto foi produzido em uma parceria exclusiva entre VEJA SAÚDE e Brazil Health)

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