Demência: tecnologias e exames facilitam dia…

Perda de memória, repetição de frases e esquecimentos frequentes são alguns dos motivos que levam à busca por um neurologista. No entanto, o caminho até o diagnóstico de demência pode ser tortuoso.

As demências representam um grupo de condições neurocognitivas nas quais há uma perda da função cerebral, como problemas de memória, raciocínio, linguagem e comportamento, impactando a qualidade de vida dos pacientes e a capacidade de realizar atividades diárias.

Essas alterações cerebrais podem ocorrer por diversos motivos, incluindo fatores genéticos e ambientais, além de forte correlação com fatores de risco como hipertensão, diabetes, tabagismo e colesterol.

Cabe destacar que cada tipo da doença apresenta manifestações específicas. Enquanto o Alzheimer pode ter como sinal mais evidente a perda de memória, por exemplo, a demência frontotemporal provoca mudanças mais marcantes no comportamento e personalidade.

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Há mais de 50 agravos que podem causar sinais demenciais, como o Alzheimer, a doença de Parkinson, a esclerose múltipla e a doença de Huntington, além de transtornos potencialmente reversíveis, como as demências causadas por hipotireoidismo e infecções.

Embora as demências possam se apresentar em qualquer fase da vida, elas são mais comuns na terceira idade.

De acordo com relatório divulgado pelo Ministério da Saúde, 8,5% da população brasileira com 60 anos ou mais vive com demência, o que representa cerca de 2,7 milhões de pessoas. As projeções indicam que, até 2050, esse número poderá chegar a 5,6 milhões de brasileiros.

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Hospital cria centro para demências

Com a tendência global de envelhecimento populacional, o tema tem sido fortemente discutido e pesquisado na área da medicina, com descobertas e avanços recentes.

O exame de líquor, o fluido da medula espinhal, pode apontar níveis reduzidos da proteína beta-amiloide, quadro que pode estar associado à presença de placas amiloides no cérebro, características de Alzheimer.

Testes genéticos contribuem para a indicação do tratamento mais adequado, considerando que mutações nos genes podem interferir na eficácia de medicamentos para demências.

“Os tratamentos disponíveis vêm avançando, com novas drogas que desaceleram a evolução da doença e o lançamento de soluções que facilitam o rastreio de biomarcadores”, pontua Polyana Piza, gerente médica da neurologia do Hospital Israelita Albert Einstein.

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Desta forma, os hospitais têm investido em criar centros de referência para diagnosticar melhor e mais cedo as demências.

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É o caso do Einstein, que há alguns anos criou o Núcleo de Excelência em Memória (NEMO), disponível nas unidades de São Paulo e de Goiânia do hospital. A iniciativa registrou um aumento de 35% nos atendimentos no último ano.

“A implementação do núcleo tem o intuito de transformar a experiência do paciente e de seus familiares, garantindo um cuidado mais humanizado, eficiente e eficaz. O principal objetivo é apoiar a continuidade das atividades diárias e dar todo o suporte necessário”, conclui Piza.

O programa realiza avaliação de memória e cognição a partir de um conjunto de exames:

Tap test para avaliar hidrocefalia de pressão normal (HPN): colhe líquido cefalorraquidiano (LCR) da coluna vertebral para diferenciar condições que apresentam sintomas semelhantes.

A metodologia inclui a combinação de avaliação clínica e exames de imagem, como ressonância magnética e tomografia computadorizada.

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Marcadores do líquido cefalorraquidiano (LCR): detecta níveis reduzidos da proteína beta-amiloide 42 no LCR, associadas ao Alzheimer.

Além disso, identifica a proteína tau, cujo acúmulo também é típico do quadro.

PET amiloide: exame de imagem que detecta depósitos de proteína beta-amiloide no cérebro, a partir de marcadores radioativos que se ligam à substância.

Quando injetados no paciente, eles  se ligam às beta-amiloides emitem radiação, que é captada pela máquina PET, permitindo a visualização das áreas do cérebro onde a proteína presente.

Painel NGS: sequenciamento genético que fornece uma análise detalhada do DNA em busca de causas genéticas que podem estar associadas ao desenvolvimento de diversas condições neurodegenerativas.

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Anticorpos neuronais (bioluminescência): detecta anticorpos ligados a doenças autoimunes que podem gerar sintomas neurológicos, permitindo diagnósticos mais rápidos e tratamentos mais direcionados.

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Após a confirmação do diagnóstico, os pacientes são direcionados para um tratamento personalizado, buscando aliviar sintomas e retardar a evolução da doença.

De forma geral, pacientes com quadros demenciais recebem cuidado multidisciplinar, incluindo reabilitação cognitiva para melhorar a qualidade de vida e a autonomia nas atividades diárias.

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