Ela passou mais de 5 anos sem sentir nenhum…

Por Zilda Mello

Eu demorei para perceber que tinha perdido o olfato e o paladar. Notei que tinha alguma coisa errada porque meus filhos me avisaram que a comida estava salgada demais, sem tempero ou tinha passado do ponto. Como já estava com os sentidos comprometidos, não sentia nem o cheiro forte de queimado.

Comecei ficar mais atenta à situação em 2018, dois anos antes da pandemia. Percebi que passei a evitar alimentos que eu comia normalmente. Pizza e empada não tinha jeito de comer, porque geralmente são feitas com orégano, que para mim tinha um sabor horrível. Pão de forma e arroz, nem se fala, porque pareciam uma ‘massa’ na minha boca, sem gosto nenhum. Embrulhava o estômago.

O problema também impactava na hora de limpar a casa, porque usava produtos de limpeza demais e deixava todo o espaço com cheiro forte. Eu não percebia, então, por vezes, meus filhos reclamavam do odor de cloro que ficava no banheiro e em outros cômodos. Foi um momento complicado!

Para mim, tanto a falta do olfato quanto a do paladar eram por causa da minha sinusite. Eu tenho um quadro crônico com pólipos do problema desde muito jovem. Nem perfume eu uso, porque ataca e fico espirrando, com o nariz escorrendo. É terrível!

Por isso, faço acompanhamento no Serviço de Otorrinolaringologia no Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) com a Dra. Maria Dantas Costa Lima Godoy. Ali, descobri que eram a anosmia e a ageusia [perda do olfato e do paladar, respectivamente], que causam esses sintomas.

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+Leia também: Por que podemos perder o olfato?

Hoje digo que o olfato melhorou 40% e o paladar 60%. Para isso, eu faço o treinamento olfatório, que é colocar creme dental, cravo e vinagre em alguns e potinhos e cheirar por dez segundos cada um deles. Precisa fazer todo dia, mas, às vezes, eu pulo um ou outro. Também uso medicação e faço lavagem nasal com soro fisiológico com alguns remédios, como indicou a Dra. Maria Dantas.

Desde 2023, como o meu pão de manhã com gosto. Aprendi a fazer pizza em casa e empada também, mas tudo sem orégano. Agora também cozinho com mais cuidado e peço aos meus filhos para experimentarem os pratos durante o preparo. Fico feliz em comer até alimentos que são amargos para mim, pois pelo menos sinto alguma coisa. Teve um tempo em que nem isso eu sentia.

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Tratamento para perda de olfato é feito com exposição a cheiros marcantes (Arquivo Pessoal/Reprodução)

Entenda a doença

Por Maria Dantas Costa Lima Godoy, otorrinolaringologista do HSPE

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A perda do olfato pode ser total, anosmia, ou parcial, a hiposmia. O problema afeta o paladar também, pois quase 80% dos gostos são sentidos a partir do contato das partículas odoríficas com os neurônios olfativos, que estão presentes no fundo da cavidade nasal. A dificuldade ou a incapacidade de sentir os sabores é nomeada de ageusia.

Podem estar relacionadas com a perda do olfato: alterações nasais (sinusite e rinite com ou sem pólipos), doenças neurodegenerativas (Alzheimer e Parkinson) e pós-trauma, quando pancadas fortes na cabeça afetam o nervo e os neurônios olfativos.

O tratamento do problema é feito com o treinamento olfatório, em que o paciente sente o cheiro de diferentes itens, e medicação tópica e de ingestão. Existem casos com indicação de cirurgia, porém, a necessidade do procedimento vai depender do quadro clínico do paciente.

Estão mais suscetíveis a problemas no olfato também pessoas com alterações nasais e que enfrentaram alguma infecção viral. Esta última situação foi comum durante a pandemia da Covid-19, porque o coronavírus pode causar a perda do olfato temporária ou permanente. Na maioria dos casos, a capacidade de sentir cheiros retorna após a cura do quadro viral.

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Quanto antes o paciente procurar por ajuda médica, mais fácil é sua recuperação. É comum o paciente não perceber que está perdendo o olfato e descobrir o problema após a consulta.

O cigarro piora o quadro. A demora para iniciar o tratamento pode impactar no desfecho, mas não impede a melhora. As consequências variam de acordo com cada caso, por isso, o ideal é procurar pela avaliação de um especialista.

* Zilda Mello, 67 anos, paciente do Hospital do Servidor de São Paulo (HSPE)

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