Telas: mais um problema viral de crianças e…

Segundo um levantamento apresentado pela plataforma Electronics Hub, um site de informações eletrônicas, a partir da pesquisa Digital 2023:Global Overview Report da DataReportal que considerou 45 países, o Brasil é o segundo no ranking de pessoas que passam mais tempo em smartphones, telas e dispositivos eletrônicos.

Em média, são nove horas diárias de uso da internet, um período 44% acima da média!

Entre as crianças e adolescentes, esse índice não muda muito. A última pesquisa TIC Kids Online, do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), mostra que 95% da população entre 9 e 17 anos é usuária de internet, sendo o celular o dispositivo mais usado pelos mais novos.

Por esse motivo, a discussão do uso responsável desses dispositivos pelas crianças e adolescentes se tornou tão necessária. Movimentos contra o uso de telas na infância e adolescência têm ganhado força em várias partes do mundo, inclusive no Brasil.

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No final do ano passado, pais e instituições atentas ao tema receberam um grande reforço com o Projeto de Lei nº 4.932/2024, que proíbe a utilização de celulares nas escolas durante as aulas, recreios e intervalos. A medida tem como objetivo proteger a saúde mental, física e psíquica de crianças e adolescentes.

É evidente que o advento do fácil acesso à informação é benéfico e qualquer criança consegue argumentar a seu favor, em especial estimulada pelo recente momento de proibição escolar, com mudanças de rotinas.

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Mas também é fato que em nosso país o uso pende para o excesso e, se associado a falta de propósito, objetivo e foco, pode trazer prejuízos para seres ainda em desenvolvimento, cuja reversão pode ser muito difícil.

Já é comprovado no meio clínico que o uso excessivo do celular pode trazer sérias consequências para o desenvolvimento físico e mental. Como, por exemplo: alterações no sono devido à exposição prolongada às telas antes de dormir; problemas posturais, riscos de isolamento social e aumento da ansiedade.

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Quando as crianças passam mais tempo em frente às telas do que interagindo com amigos e familiares, especialmente na primeira infância, podem ter seu comportamento e desenvolvimento afetados.

Elas se tornam mais introspectivas, interagem menos com os pais e podem apresentar atrasos no aprendizado de vocabulário, o que impacta diretamente na sociabilização e no desenvolvimento intelectual da criança.

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Não se trata de uma disputa geracional, na qual nós, adultos, possamos argumentar: “no meu tempo…”. A pesquisa e o acesso à informação de forma democrática e imediata são muito mais eficientes do que recorrer à enciclopédia na casa da avó ou telefonar para um amigo.

O mundo realmente mudou, e não queremos voltar atrás. No entanto, é fundamental ensinar nossos jovens a usar as redes de forma responsável.

Seja na interação entre eles, com o mesmo nível de respeito no ambiente online e presencial, evitando impactos negativos para si e para os outros. Seja na superexposição a informações diversas, compreendendo os riscos associados.

O problema da superexposição exige a conscientização de pais e responsáveis, cuja distração na juventude se resumia a uma conversa paralela em sala de aula. Também precisamos aprender a nos controlar, a priorizar assuntos e a utilizar melhor as redes. Somente assim nossos filhos terão um exemplo positivo e enxergarão um caminho saudável e viável.

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A fim de apoiar os pais na condução deste tema em família, lançamos a Série Infância sem Telas, que traz orientações claras, com embasamento médico e técnico, com conforto e segurança para os responsáveis.

Entre os temas que serão apresentados estão: os cuidados com a autoimagem (com base no que é valorizado em redes sociais), os atrasos cognitivos e distúrbios de aprendizagem, problemas posturais e visuais, além das questões comportamentais, como a adequação do conteúdo para cada faixa etária e a importância do uso tecnologia nos ambientes hospitalares.

Dicas para equilibrar a relação

Aqui estão algumas orientações que podem ajudar os pais a lidarem melhor com essa questão:

  • Dê prioridade ao contato real: os pais devem priorizar sempre o contato pessoal e o mundo real da crianças, incentivando as brincadeiras e leituras;
  • Acompanhe o uso das telas: os responsáveis devem estar sempre atentos e ajudando a compreender o conteúdo que está sendo apresentado, transformando as informações em aprendizado;
  • Desligue as telas antes de dormir: o ideal é desligar qualquer dispositivo duas horas antes do horário de dormir;
  • Respeite os limites de tempo: na faixa etária entre dois e quatro anos o uso de telas é indicado por especialistas por apenas uma hora por dia, e, de quatro a seis anos, até 1h30 priorizando sempre conteúdos educativos e combinando o uso da tecnologia com brincadeiras ao ar livre, leituras e jogos manuais;
  • Converse sobre o que eles estão vendo: os responsáveis podem e devem monitorar o que os filhos estão acompanhando na internet para, dessa maneira, auxiliar e promover o desenvolvimento crítico e criativo;
  • Seja um exemplo: as atitudes são sempre a melhor maneira de incentivo porque eles tendem a imitar os comportamentos dos adultos.
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Observemos, portanto, que a regulação não exclui a tecnologia da rotina infantil. Por vezes até a indica! Quando ela é aplicada na jornada de um paciente pediátrico, pode auxiliar diretamente o tratamento e evolução emocional e clínica da criança com condições crônicas.

Podemos citar a plataforma Matraquinha – que já teve mais de 560 mil downloads. Desenvolvida por Wagner Yamuto para auxiliar na comunicação de crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA), a solução acaba de ser atualizada com a inserção da inteligência artificial em sua linguagem, aperfeiçoando ainda mais o processo de inclusão desse público na sociedade.

Seja por necessidade ou curiosidade, as crianças estarão cada vez mais expostas às informações transmitidas por dispositivos eletrônicos.

Portanto, precisamos garantir que não sejam apenas seus dedos a arrastar as telas de um lado para o outro, mas que nosso exemplo as arraste para um uso consciente e responsável.

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