Vacina do Butantan contra chikungunya é apro…
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta segunda-feira, 14, o registro definitivo da vacina contra a chikungunya do Instituto Butantan. Com a decisão, o imunizante poderá ser aplicado no Brasil em pessoas a partir de 18 anos.
A dose é segura e tem alta capacidade de gerar resposta imune no organismo, de acordo com os estudos realizados nos Estados Unidos com 4 mil voluntários de 18 a 65 anos. De acordo com a Anvisa, não devem receber a aplicação mulheres grávidas, pessoas imunodeficientes ou imunossuprimidas.
Os resultados dos testes revelaram que quase 99% dos participantes do ensaio clínico produziram anticorpos neutralizantes contra o vírus. Além disso, os níveis se mantiveram elevados por pelo menos seis meses, como documenta a análise publicada no periódico científico The Lancet.
Parte da avaliação foi realizada no Brasil, com adolescentes. Os achados foram semelhantes, considerando que uma dose induziu anticorpos em 100% dos participantes que já haviam tido a doença e em quase 99% dos voluntários sem contato com o vírus.
Os dados, publicados na The Lancet Infectious Diseases, mostram que a proteção foi mantida em 99,1% dos jovens após seis meses. Eventos adversos registrados foram em maior parte leves ou moderados, incluindo dor de cabeça e no corpo, fadiga e febre.
Além da Anvisa, aprovaram o imunizante a Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos, e a European Medicines Agency (EMA), da União Europeia.
O produto é uma vacina recombinante atenuada, desenvolvida em parceria com a farmacêutica austríaca Valneva. A fabricação será feita a princípio na Alemanha, pela empresa IDT Biologika GmbH. A produção pelo Butantan está prevista, ainda sem prazo definido.
Quando a vacina da chikungunya estará disponível?
Nesse momento, o Instituto Butantan desenvolve modificações no produto para incluir mais componentes nacionais. Isso permitirá, segundo a instituição, melhor adequação para a incorporação pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Também é preciso que a dose seja avaliada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) e demais autoridades de saúde.
“A partir da aprovação pela Conitec, a vacina poderá ser fornecida estrategicamente. No caso da chikungunya é possível que o plano do Ministério seja vacinar primeiro regiões endêmicas, que concentram mais casos”, afirma Esper Kallás, diretor do Instituto Butantan, em nota.

O peso das dores
O Brasil convive com chikungunya desde 2014. Ela faz parte da tríade de doenças virais transmitida a partir da picada do mosquito Aedes aegypti, ao lado da dengue e da Zika.
No ano passado, o país contabilizou 267 mil casos prováveis da doença e pelo menos 213 mortes, de acordo com o Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde.
Os principais sintomas são:
- Febre
- Dores intensas e inchaço nas articulações
- Dores em diferentes pontos: costas, músculos, cabeça, atrás dos olhos, garganta
- Manchas vermelhas pelo corpo
- Coceira na pele
- Conjuntivite
- Náuseas e vômitos
- Calafrios
- Diarreia ou dor abdominal
Vale destacar que parte dos pacientes pode desenvolver dor crônica nas articulações, afetando profundamente a qualidade de vida.
Não existe tratamento específico para o agravo, portanto é importante manter o Aedes aegypti bem longe. Para isso, basta fazer uma verificação semanal por toda a casa para descartar focos de água parada, utilizada pelo mosquito para se reproduzir.
Calhas, vasos de plantas, entulho, lonas, baldes, pneus, bandeja de geladeira e ar condicionado, garrafas plásticas, piscinas sem uso e sem manutenção são alguns dos pontos de observação.
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