Ácido hialurônico não é tudo igual: conheça…

Até alguns anos atrás, preenchimento era sinônimo de enchimento no mundo da estética. Substâncias como o ácido hialurônico (AH) eram usadas para tapar buracos, ou seja, preencher um bigode chinês ou uma olheira funda.

Mas isso tratava a consequência, não a causa, o que acabava originando muito volume e um efeito artificial no rosto das pessoas.

Além disso, também havia a moda da transformação através da “harmonização facial”, que, na maioria das vezes, mais desarmonizava do que melhorava a aparência.

Atualmente, a moda é buscar uma beleza natural, ressaltando as feições que cada pessoa já possui.

Nesse contexto, o ácido hialurônico (AH) ainda é um aliado?

Nas mãos de bons profissionais, a resposta é definitivamente sim. Avanços tecnológicos estão permitindo o desenvolvimento de géis cada vez mais seguros e específicos, buscando um resultado bonito e funcional.

Aliás, o setor de injetáveis não tem perspectiva de declínio, pelo contrário: estima-se que ele dobre de valor até 2028, atingindo a bagatela de R$ 25,9 bilhões no mundo.

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Isso porque o AH é uma ferramenta poderosa. Elehidrata, mimetiza pele, osso, cartilagem, dá sustentação ao rosto e trata até artrose.

Mas como uma mesma substância faz tudo isso? Vou explicar.

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Entendendo o ácido hialurônico

Ele é um biopolímero natural, formado por uma junção do ácido glucurônico e a N-acetilglicosamina. O destaque é sua enorme capacidade umectante, retendo grande quantidade de água e sendo ótimo para a hidratação.

No corpo humano, esse composto viscoso está presente no tecido conjuntivo, no líquido sinovial que preenche as articulações do corpo e até no humor vítreo, gel que preenche a cavidade de trás do olho.

Ou seja, ele é pau pra toda obra, por isso é constantemente usado e ressintetizado pelo nosso organismo. Não à toa, o preenchimento com a substância, mesmo a sintética, é um método com baixo risco de reações alérgicas.

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O primeiro ácido hialurônico sintético do mercado foi o Restylane, da Galderma, obtido através da fermentação de espécies de bactérias Streptococcus em laboratório, e aprovado na Europa em 1996, aqui no Brasil em 1998 e pelo FDA Americano em 2003.

Hoje, a linha já conta com mais de 8 tipos de géis de AH para atender demandas específicas.

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Para que serve o ácido hialurônico

Tradicionalmente, a infiltração com ácido hialurônico é um tratamento pouco invasivo que pode ser usado nas articulações, provocando redução de dor e maior mobilidade.

Na pele, ele pode ser utilizado de duas formas: tópico, no skincare e em produtos voltados à hidratação, ou na forma de preenchedor injetável.

Quando se pensa em injetar, a médica Lilia Guadanhim, da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), explica que o AH é empregado em quatro categorias de intervenção:

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  1. Embelezamento: visa aperfeiçoar, dar mais volume aos lábios ou mesmo reduzir olheiras, se houver essa indicação.
  2. Envelhecimento positivo: para melhorar a sustentação e a elasticidade da pele, atributos que se perdem normalmente com o passar dos anos, assim sendo possível atenuar as marcas da idade.
  3. Correção: um exemplo comum é um queixo muito para dentro, cuja reparação traz benefícios não só estéticos mas também funcionais para o indivíduo.
  4. Transformação: a quarta categoria visa alterar o rosto para ficar mais próximo a um padrão desejado, como é feito nas harmonizações faciais.

Lembrando que quantidade não é sinônimo de qualidade: desconfie de profissionais que se gabam dos volumes usados nos pacientes. Prefira sempre médicos com especialização na área (dermatologista ou cirurgião plástico) e cheque suas credenciais antes.

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Modelando o ácido hialurônico

Talvez você já tenha visto em cosméticos a seguinte frase: “AH em diferentes pesos moleculares”.

E essa afirmação não é à toa: o tamanho da molécula faz toda diferença para a penetração do ativo na pele. Geralmente os melhores hidratantes são aqueles que misturam diferentes pesos moleculares, assim promovendo uma hidratação global.

Com relação aos injetáveis, certamente um AH usado para preencher boca é diferente de um para projetar mandíbula, até porque essas regiões exercem funções distintas no organismo.

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A diferença entre eles é a flexibilidade.

Nossos géis mais flexíveis são feitos para as partes dinâmicas do rosto, onde temos muitos movimentos. Já os mais firmes são para projeção, para mimetizar osso ou mandíbula”, explica Maria Ejehorn, cientista da equipe global de Pesquisa & Desenvolvimento da Galderma, que atua há mais de 22 anos na área.

Em uma demonstração ao vivo no escritório da Galderma, em São Paulo, Maria me mostrou a variação de diversos géis Restylane, e destacou que a diferença na flexibilidade se dá através da redução do tamanho das partículas de AH.

“Usamos diferentes malhas para ter algo mais preciso no produto, podemos escolher partículas maiores, médias ou pequenas. Tendo nos géis um tamanho de partícula homogêneo, podemos determinar uma indicação certeira e mais natural”, afirma a especialista.

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Perceba, nas plaquinhas azuis, que cada tipo de gel possui tamanho de partículas diferentes. (Arquivo pessoal/Veja Saúde)
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Em primeira mão, a cientista também me mostrou o Restylane Shaype, novo integrante da família que ela ajudou a desenvolver e que está chegando agora ao Brasil. Ele é voltado especificamente para projeção de queixo.

“Essa região envolve questões estéticas mas também funcionais, por isso desenvolvemos algo único”, afirma Maria. “Não será mais necessário usar géis de mandíbula para o queixo, agora ele tem um gel de firmeza específica para uma projeção natural”, completa.

Reforçando que uma vasta compreensão da anatomia do rosto e do processo de envelhecimento da pele é crucial para a técnica de preenchimento de ácido hialurônico ser bem aplicada. Procure sempre profissionais habilitados.

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