Entre preconceito e desinformação, saiba o q…

Intersexo é um termo guarda-chuva utilizado para identificar pessoas cujas características sexuais do nascimento não se encaixam nas normas médicas e sociais para definição de corpos femininos ou masculinos. A condição compreende diferentes variações tanto na anatomia sexual e nos órgãos reprodutivos, quanto nos padrões hormonais e genéticos.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 0,05% a 1,7% da população mundial nasce com características intersexuais. Estima-se, portanto, que só no Brasil pode haver 3,5 milhões de pessoas intersexo.

Mesmo assim, ainda há uma longa caminhada para enfrentar o preconceito, a discriminação e a falta de informação em torno do tema.

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Quem são as pessoas intersexo?

Na linguagem técnica, a intersexualidade é classificada como um distúrbio de diferenciação sexual (DDS). Em alguns casos, seus sinais são perceptíveis desde o nascimento. No entanto, há vezes em que a condição se torna aparente em fases mais tardias da vida.

Para além de genitálias ambíguas, ela compreende outras condições. Entre elas, a insensibilidade androgênica, que ocorre quando um indivíduo é geneticamente masculino mas não responde adequadamente aos hormônios sexuais do gênero, o que impede o desenvolvimento adequado dos órgãos masculinos.

Outro ponto envolve a regressão testicular, quadro em que os testículos estão ausentes. A hiperplasia adrenal congênita, por sua vez, afeta as glândulas suprarrenais, localizadas próximas aos rins, e pode causar aumento na produção de hormônios masculinos, gerando alterações principalmente para mulheres, como o aumento do clitóris e de pelos.

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Há ainda outras condições associadas, como a síndrome de Klinefelter, a síndrome de Turner e a síndrome de Rokitansky.

Sexo, orientação sexual e identidade de gênero

Eis aí, três termos importantes, que não podem ser confundidos. A intersexualidade se refere ao sexo biológico. Já a orientação sexual diz respeito aos desejos afetivos-sexuais. Nada impede que uma pessoa intersexo seja assexual, heterossexual, homossexual, bissexual ou pansexual.

A mesma lógica vale para a identidade de gênero. Uma pessoa que nasceu com características intersexo, mas foi socializada com um gênero específico, pode vir a se enxergar como transexual, travesti, não-binária ou qualquer outra identidade de gênero.

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Mas, e os “hermafroditas”?

Engana-se quem pensa que esse é um sinônimo de intersexo. Pelo contrário, o termo hermafrodita costuma ser pejorativo e bastante limitador. De acordo com a ONU, o hermafroditismo “pode promover ideias incorretas e homogeneizadas sobre a aparência e as capacidades dos corpos intersexo.”

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A intersexualidade engloba todas as condições biológicas congênitas que não se enquadram nas definições típicas de masculino e feminino. Ou seja, nem todas as pessoas intersexo possuem simultaneamente os dois órgãos genitais. Somente uma pequena fração desse grupo pode se encaixar no que antigamente se chamava de hermafroditismo.

Vale destacar, contudo, que há pessoas que reivindicam essa denominação. Portanto, é primordial respeitar a terminologia que cada pessoa elege para si mesma.

Como diagnosticar?

Quando ocorre genitália ambígua, a intersexualidade é visível e o diagnóstico, por consequência, é mais simples. Nos demais casos, são necessários exames hormonais, genéticos, cromossômicos ou de imagem para identificar a condição.

Após o diagnóstico, muitas pessoas optam por cirurgias. Embora sejam bastante comuns, as intervenções cirúrgicas em bebês devem ser evitadas, exceto quando há riscos à saúde. Essas modificações são irreversíveis e, no momento do nascimento, ainda não se sabe com qual gênero a pessoa se identificará.

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Nesses casos, a melhor opção é manter apenas um acompanhamento médico periódico até que o indivíduo possa decidir como prosseguir. O contato regular com um profissional de saúde é essencial para mapear possíveis efeitos das diferenças hormonais no crescimento e na fertilidade.

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